Chamo de empreendimento social a iniciativa de um grupo que passa a ser guiado por vontades e interesses comuns e busca uma forma organizada para concretizar essas vontades. Nessa visão, são três ciladas a serem evitadas no decorrer da estruturação dessas iniciativas.
A primeira cilada está ligada à manutenção do foco na missão originária. Muitas vezes o que ocorre é que no começo tudo acontece por vontade de se fazer algo por alguma coisa ou alguém. Pessoas se integram ao projeto por acreditar naquilo que defendem. São seus interesses comuns que as unem. Com o tempo a organização cresce e as coisas acontecem mais pelo interesse da manutenção do status alcançado do que propriamente pela luta em prol do ideal originário que os uniu.
A segunda cilada está associada à vontade da permanência no poder. O fenômeno que ocorre nessa cilada se dá porque o grupo que inicialmente se agrupava por um ideal passa a se agrupar por um argumento e pela qualidade dele. Quando o grupo cresce fundamentado nessa lógica a tendência é a briga pelo poder, tendo em vista a tensão entre a permanência ou a renovação desse grupo e do próprio poder.
Por fim, quando um grupo começa a ter notoriedade e conquistar espaços e ambientes novos, as posições tradicionais passam a ser flexibilizadas pela preocupação de não ferir as relações conquistadas. Em outras palavras, os tapetes vermelhos que foram estendidos nos lugares por onde o grupo passou são mais importantes do que o questionamento de quem está nesses mesmos locais. Não questiona-se mais o porquê, muito menos quem.
Os empreendimentos sociais retratados nessas ciladas podem ganhar diferentes formatos. Atualmente, as chamadas organizações do terceiro setor ou organizações da sociedade civil organizada são bons exemplos para a compreensão dessas ciladas. Alguns empreendimentos sociais sempre atentos constroem maneiras de evitá-las, outros nem percebem que já estão nelas.
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