Participação e Gestão Social: Uma Análise a Partir de uma Organização da Economia Solidária

Será apresentado no XI Encontro da Associação Brasileira de Estudos sobre o Trabalho - ABET.

Escrito em co-autoria com a Dra. Dagmar Silva Pinto de Castro.

Resumo:
O presente artigo tem por objetivo refletir sobre o papel da participação na gestão de uma Fábrica Recuperada. Para esse fim, busca-se teóricos da participação com visões distintas e são destacadas as convergências e aproximações para a construção do conceito de educatividade. Esse conceito é compreendido como uma interrelação contínua entre o funcionamento das instituições e a participação dos indivíduos que interagem dentro dela. Esse caminho abre a perspectiva de um formato de gestão que rompe com a lógica instrumental, passando a um formato coordenado pelos atos comunicativos (HABERMAS, 1997). A pesquisa realizada é qualitativa/descritiva tendo como lócus do estudo de caso (YIN, 2006) uma Fábrica Recuperada no interior de São Paulo utilizando a pesquisa-ação como modalidade de pesquisa (THIOLLENT, 1986 e 1997). O corpus da análise constou do material levantado a partir do protocolo de evidências que contam com fonte secundária (documental) e primária (Entrevistas e Grupo Tarefa). Destacam-se para a análise, nesse artigo, o material resultante dos encontros com o Grupo Tarefa. Os resultados de análise dos encontros com o Grupo Tarefa apontam que as relações sociais estabelecidas no cotidiano da Fábrica Recuperada reproduzem o modus operandis de uma gestão estratégica, organização sob o molde lucrativo, Isso se evidencia na separação entre linha e staff, separação que condiciona a participação das pessoas aos momentos de formalidade, apontam também os limites da comunicação interna e a manipulação da informação e, por fim, demonstra o controle que a elite (diretoria) do processo de gestão dentro da fábrica. A análise da dinâmica do Grupo Tarefa visibilizada pela fala e gestos permitem inferir que os participantes começaram a descobrir espaços inexistentes e possibilidades de interferência na gestão, por uma construção coletiva com a visão do diverso – ação comunicativa. Fruto desse caminho, a Gestão - ação social utilitarista e restrita - passa de uma estrutura monológica e tecnoburocrática para um formato associado ao diálogo e à participação, aqui denominado de Gestão Social (TENÓRIO, 1998). A mudança da gestão estratégico para outra forma de gestão confronta-se com a constante tensão entre a reprodução e a criação do novo pela assunção responsável de diferentes atores em nova relação de saber e poder. O novo formato exige um processo de educatividade no novo modelo de gestão, Gestão Social. Na ausência de uma experiência significativa de participação, denominada como educatividade no processo, eles repetem o modelo hegemônico que os formaram.

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