Escolhas e decisões em organizações da economia solidária: a participação como educatividade para a gestão social

Artigo aprovado para o II Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho da ANPAD.

Resumo:
A participação das pessoas permite um efeito de interrelação contínua entre as qualidades individuais e as dimensões institucionais (Rousseau, 2004). Partindo dessa visão, o artigo reflete sobre o papel da participação, em ambientes da economia solidária, como meio construtor de relações solidárias de/no trabalho e novos formatos organizacionais. Esse ambiente foi acessado pelo estudo de caso da gestão de uma Fábrica Recuperada. A pesquisa apresentada é qualitativa/descritiva e realizada por meio de um estudo de caso (Yin, 2006), utilizando a pesquisa-ação como modalidade de pesquisa (Thiollent, 1986 e 1997). Privilegia-se neste sentido a experiência do Grupo Tarefa, uma das fontes de evidencia coletadas para o caso. Os resultados demonstram que as relações sociais estabelecidas no cotidiano da Fábrica Recuperada reproduzem o modus operandis de uma gestão estratégica, organização sob o molde lucrativo. Na ausência de uma experiência significativa de participação, aqui denominada como educatividade, eles repetem o modelo que os formaram. A análise da dinâmica do Grupo Tarefa visibilizada nas falas e gestos permite inferir que os participantes começaram a descobrir espaços inexistentes e possibilidades de interferência na gestão, por uma construção coletiva com a visão do diverso – ação comunicativa (Habermas, 1997). A mudança da gestão estratégica para a gestão social, necessária à realidade de uma Fábrica Recuperada, confronta-se com a constante tensão entre a reprodução das relações de trabalho nos moldes capitalistas e a criação de nova subjetividade pela participação dos diferentes atores nas escolhas e decisões organizacionais.

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